LIGEIRO BALANÇO DE VIDA II

Mas não morri...apesar dos pesares. Fui deixando a vida me levar e um dia, acordei para a realidade! E após os 50 anos voltei a estudar,fiz um curso de panificação caseira, descobri a internet, voltei a costurar, fui ao médico, fiz exames, descobri que estava com miomas no útero e anemia profunda por causa das hemorragias que vinha tendo...os tratamentos não deram resultado e foi necessária uma cirurgia para a retirada do útero. Recuperei a minha saúde e a vontade de viver...abri a minha oficina de costura, onde estou até hoje: reencontrei um antigo amigo e ex-namorado e redescobri a paixão,o beijo na boca e os prazeres do sexo , que eu havia abandonado totalmente por quase sete anos...foi muito bom enquanto durou e o melhor: continuamos amigos ! Ah e descobri que dançar forró é bom demais!!! Daqui a exatos vinte dias, completarei 53 anos. E depois desse ligeiro balanço de vida, preciso admitir que o tempo foi generoso comigo. Amei muito e fui amada, tive filhos lindos e abençoados,uma família que nunca me desamparou, bons amigos e amantes . Eu que nunca fui linda, me sinto assim mesmo bonita na minha maturidade, gostando de ter a idade que tenho, tranquila por ter conseguido aprender com os meus erros e aproveitar as oportunidades que surgiram. Deus colocou anjos em meu caminho(sim, eu acredito em anjos !) e eles ajudaram a fazer mais leve essa caminhada, que poderia ter sido mais fácil ou mais difícil,, mas foi e está sendo o meu caminho, o meu destino, a minha existência.. .O que vai ser de mim no futuro, eu não sei...mas agora , nesse momento, embora tenha dívidas, dores, sonhos, dúvidas, esperanças...posso dizer que eu sou uma mulher feliz !!! E quero continuar assim, até os 60, 70, 80 ...e quantos anos mais Deus me permitir viver..e que sejam ao lado de quem eu ame e que me ame também !!!!

LIGEIRO BALANÇO DE VIDA

Tenho pensado muito na minha vida, nas escolhas que fiz, os caminhos que tomei. Em até que ponto permiti que outras pessoas entrassem nela, para o bem e para o mal...enfim...com a chegada de mais um aniversário, acho que é normal ter esses momentos de reflexão, essa espécie de "balanço". Minhas irmãs me lembram que eu sempre disse que minha vida mudaria depois dos quarenta e isso realmente aconteceu.. então, vejamos, acho que posso dividir a minha existência por décadas...até os 10, estudava, brincava, ajudava minha mãe com as tarefas de casa e a cuidar dos meus irmãos mais novos...e sempre que podia eu, fugia dessas responsabilidades...até os 20, minha vida não mudou muito, a nossa casa vivia sempre cheia de parentes, amigos, vizinhos...qualquer coisa era motivo para comemorar e fazer festa... Entre os 20 e 30, mudamos de cidade...namorei muito, trabalhei em várias coisa diferentes, casei, tive filhos, abri uma firma, editei um jornal, comprei casa. meus pais se separaram. A crise veio,o desemprego, fechei a firma, passei adiante o jornal, vendi a casa e voltei para a minha cidade, com marido e filhos, para recomeçar do zero...dos 30 aos 40, me descobri mais forte do que poderia imaginar...fiz faxina, trabalhei como doméstica,artesã, cozinheira,vendi bolos em festas, aprendi a fazer bombons, voltei a costurar, abri um brechó...meu Deus !!! Os meninos crescendo e precisando de tudo...e eu me virando para dar conta..altos e baixos, no casamento...dívidas...mas sempre pude contar com o auxílio da família e de amigos... Após os 40, filhos adolescentes, meu casamento foi agonizando, entre brigas e discussões, até que enfim, acabou...e eu de novo na estaca zero, recomeçando do nada...mas dessa vez, podia contar com os meus filhos, que me ajudavam no que podiam...minha vida foi então, só trabalhar, pagar contas, e chorar...acho que nunca chorei tanto, nas madrugadas vazias, enquanto os meus filhos dormiam, mas nunca na frente deles, nem de ninguém...nessa época me descuidei totalmente de mim, tomava banho, penteava o cabelo e vestia a primeira roupa limpa que encontrava...frequentei uma igreja evangélica, mas descobri depois de muito tempo que lá não era o meu lugar... fiquei doente, mas não procurei ajuda médica...com a ajuda financeira do meu pai, montei um pequeno negócio, onde servia lanches e refeições...mas meu pai morreu em seguida e eu não resisti...não consegui manter e fechei em menos de sete meses...fiquei triste e depressiva, cheguei em pensar em morrer.